Se eu começasse esse texto dizendo “Era uma vez, uma princesa que vivia em um castelo...”, você acharia que seria mais uma história infantil dessas que a gente ouvia quando criança ou assistia em desenho animado. Mas esta não é uma história de ficção, mesmo estando no século XXI, essa história também tem a ver com príncipes e princesas, reis e rainhas.
Falar da Família Real Britânica é sobre celebrar um legado de títulos de nobreza, posições sociais e uma trajetória histórica marcante com a Rainha Elizabeth II como sua principal protagonista. Para entender a profundidade dessa jornada, é essencial fazer um breve resumo da trajetória dessa mulher extraordinária, que conquistou gerações com sua dignidade e dedicação.
A rainha da Inglaterra, conhecida como Elizabeth II (traduzido para o português, Isabel), nasceu em 21 de abril de 1926, na área de Mayfair, em Londres, sendo a primeira filha do duque e da duquesa de Iorque, o Rei Jorge VI e Rainha Isabel.
A menina, que mais tarde se tornaria uma das mulheres mais importantes do mundo, foi educada em casa e era conhecida como uma criança alegre e bem comportada, descrita assim pelos jornais da época.
De menina à Rainha
Durante o reinado de seu avô, o Rei Jorge V, o tio de Isabel, Eduardo, Príncipe de Gales, era o sucessor natural ao trono após a morte de seu avô, o Rei Jorge V. Esperava-se que Eduardo se casasse e tivesse filhos, o que manteria Isabel distante da linha de sucessão. No entanto, essa expectativa mudou quando Eduardo abdicou do trono em 1936, após uma proposta de casamento com Wallis Simpson ter causado uma crise constitucional.
Com a abdicação de Eduardo, o pai de Isabel, o Duque de York, tornou-se rei, adotando o nome de Jorge VI. Isso colocou Isabel como herdeira presuntiva ao trono aos 10 anos de idade. Naquela época, a lei de sucessão priorizava os homens, então, se seus pais tivessem um filho homem, Isabel perderia sua posição como primeira na linha de sucessão, o que não ocorreu.
A partir de 1951, com a doença do rei, a princesa Elizabeth passou a representá-lo em diversos compromissos oficiais. Em 1952, com a morte do pai, Elizabeth foi intitulada como Rainha Elizabeth II, embora a cerimônia de coroação só tenha ocorrido um ano depois, em 2 de junho de 1953, na Abadia de Westminster.
Em 20 de novembro de 1947, ElizabethII casou-se com Philip Mountbatten, seu primo distante e filho do príncipe Andrew da Grécia, a quem conheceu aos 13 anos. A cerimônia ocorreu na Abadia de Westminster. (Philip faleceu aos 99 anos em 09 de abril de 2021.) Após o casamento, passaram a residir em Clarence House, em Londres. O casal teve quatro filhos: Charles (1948), Anne (1950), Andrew (1960) e Edward (1964). Eles foram abençoados com oito netos, incluindo William e Harry, filhos de Charles e da Princesa Diana, e 12 bisnetos, sendo a mais nova, a bebê Sienna, filha da princesa Beatrice.
Dedicação ao Dever
Elizabeth II era conhecida por sua inabalável dedicação ao dever. Desde sua ascensão ao trono em 1952, ela cumpriu suas responsabilidades com um forte senso de compromisso, mantendo uma agenda pública ativa até seus últimos anos.
Durante um reinado de mais de sete décadas, Elizabeth II atravessou inúmeras mudanças políticas, sociais e tecnológicas. Sua capacidade de manter a estabilidade da monarquia em tempos de crise, como a Segunda Guerra Mundial, a Guerra Fria, e o Brexit, destacou sua resiliência.
A rainha era reconhecida por sua discrição e imparcialidade política. Ela manteve-se neutra em questões políticas, respeitando o papel constitucional da monarquia no Reino Unido, e raramente expressou opiniões pessoais publicamente, o que contribuiu para sua popularidade e respeito global.
Apesar de ser naturalmente reservada, Elizabeth II possuía um carisma que transcendeu fronteiras. Ela desempenhou um papel importante na diplomacia internacional, visitando mais de 100 países e promovendo boas relações entre o Reino Unido e o resto do mundo, sempre com uma postura digna e cortês.
O jubileu de Platina e seu significado:
Em junho de 2022 a Rainha comemorou o Jubileu de Platina, pelos seus 70 anos de reinado e 96 anos, comemorado durante quatro dias.
Segundo a The Royal Household, os jubileus reais são uma ocasião para celebrar a vida e o reinado de um monarca. Atualmente é associado à Família Real, porém, ele começou nos tempos bíblicos: segundo Antigo Testamento, o acontecimento ocorria a cada sete anos, quando as terras para a agricultura deveriam ser deixadas em repouso.
Com o tempo, os jubileus assumiram um significado maior com a crença de que o ano do jubileu, era especial, quando Deus seria particularmente generoso. Jesus descreveu a si mesmo como tendo vindo para "pregar o ano da graça do Senhor" (Isaías 61: 1-2) no ano do jubileu.
Em 8 de setembro do mesmo ano, a Rainha faleceu no castelo de Balmoral, na Escócia, há 500km de Londres. O comunicado foi feito através dos canais oficiais da Família Real Britânica.
Produções e publicações sobre a Rainha
A trajetória da Rainha foi retratada pela Netflix, em uma série documental chamada “The Crow”, criada por Peter Morgan, conta a trajetória da Rainha de 1947 até os anos 2000. A série foi vencedora do Globo de Ouro de Melhor Série Dramática e também do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Série Dramática em três ocasiões (Claire Foy em 2017, Olivia Colman em 2020 e Emma Corrin em 2021).
Em 14 de dezembro de 2023, os últimos episódios da série chegaram a Netflix.
Entre muitas biografias lançadas sobre Elizabeth, a mais recente, escrita por Andrew Morton se chama - A rainha: A vida de Elizabeth II, lançada em 2023.
O legado de Elizabeth II é marcado por sua longevidade, resiliência e capacidade de adaptação. Ela navegou por décadas de transformações globais, incluindo o declínio do Império Britânico, o crescimento da Comunidade das Nações e mudanças culturais significativas. Sua presença constante e firmeza na liderança contribuíram para a manutenção da relevância da monarquia no século XXI. Além de ser uma líder, Elizabeth foi uma figura maternal e um símbolo de tradição e estabilidade. Seu reinado deixou uma marca indelével na história britânica, e sua influência será sentida por muitas gerações.